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Página:Os Maias - Volume 1.djvu/191

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OS MAIAS
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pessoa d’ella; relembrou toilettes com que ella alli estivera; e nunca lhe pareceram tão picantes, como agora que os não via, os seus cabellos ruivos, côr de braza ás luzes, d’um encrespado forte, como crestados da chamma interna. A carapinha do preto, essa, em logar de risca tinha um sulco cavado á thesoura na massa de lã espessa. Quem seriam, por que estavam alli, aquelles africanos de perfil trombudo?

— ­Tu já reparaste n’esta extraordinaria carapinha, Cruges?

O outro, que se não mexera da sua attitude de estatua tumular, grunhiu da sombra um monosyllabo surdo.

Carlos respeitou-lhe os nervos.

De repente, ao desafinar mais aspero d’um coro, Cruges deu um salto.

— ­Isto só a pontapé... Que empreza esta! rugio elle, envergando furiosamente o paletot.

Carlos foi leval-o no coupé á rua das Flores, onde elle morava com a mãe e uma irmã; e até ao Ramalhete não cessou de lamentar comsigo o seu serão d’estudo perdido.

O creado de Carlos, o Baptista, (familiarmente, o Tista) esperava-o, lendo o jornal, na confortavel antecamara dos «quartos do menino», forrada de velludo côr de cereja, ornada de retratos de cavallos e panoplias de velhas armas, com divans do mesmo velludo, e muito allumiada a essa hora por dois candieiros de globo pousados sobre columnas de carvalho, onde se enrolavam lavores de ramos de vide.

Carlos tinha desde os onze annos este creado de