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OS MAIAS
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— ­Um romance divino, chic a valer!

Justamente, dias depois, no Ramalhete, na sala de bilhar, Craft que acabava de «bater» o marquez, perguntou, pousando o taco e accendendo o cachimbo:

— ­E noticias do nosso Damaso? Já se esclareceu esse lamentavel desapparecimento?...

Carlos então contou como o encontrára, afogueado e triumphante, atirando-lhe da portinhola do coupé, em plena rua Nova do Almada, a noticia de um romance divino!

— ­Bem sei, disse o Taveira.

— ­Como sabes?... exclamou Carlos.

Taveira vira-o na vespera, n’um grande landeau da Companhia, com uma esplendida mulher, muito elegante e que parecia estrangeira...

— ­Ora essa! gritou Carlos. E com uma cadelinha escoceza?

— ­Exactamente, uma cadelinha escoceza, um griffon côr de prata... Quem são?

— ­E um rapaz magro, de barba muito preta, com um ar inglezado?

— ­Justamente... Muito correcto, um ar sport... Que gente é?

— ­Uma gente brazileira, penso eu.

Eram os Castros Gomes, de certo! Isto parecia-lhe espantoso. Havia apenas duas semanas que no terraço o Damaso, de punhos fechados, bramara contra os Castro Gomes e as suas «desconsiderações»! Ia pedir outros pormenores ao Taveira — ­mas o marquez ergueu a voz do fundo da poltrona onde se