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OS MAIAS

A Lolla sorriu com finura, tocou no cotovello do maestro. Não acreditava que Carlos ignorasse o que era feito da Encarnacion... Emfim, terminou por dizer que a Encarnacion estava agora com o Saldanha.

— ­Mas olhe que não é com o duque de Saldanha! exclamou Palma, que se conservara de pé, com a bolsa do tabaco aberta sobre a meza, fazendo um grande cigarro.

A Lolita, com um modo secco, replicou que o Saldanha não seria duque, mas era um chico muy decente...

— ­Olha, disse o Palma lentamente, de cigarro na bocca e tirando a isca da algibeira, duas boas bofetadas na cara lhe dei eu ainda não ha tres semanas... Pergunta ao Gaspar, o Gaspar assistiu... Foi até no Montanha... Duas bofetadas que lhe foi logo o chapéo parar ao meio da rua... O sr. Maia ha de conhecer o Saldanha... Ha de conhecer, que elle tambem tem um carrito e um cavallo.

Carlos fez um gesto indicando que não; e despedia-se de novo, saudando as damas, quando Cruges o chamou ainda, retendo-o mais um instante, em quanto satisfazia uma curiosidade: queria saber qual d’aquellas meninas era a esposa do amigo Eusebio.

Assim interpellado, o viuvo encordoou, rosnou com uma voz morosa, sem erguer as lunetas da laranja que descascava, que estava alli de passeio, não tinha esposa, e ambas aquellas meninas pertenciam ao amigo Palma...