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OS MAIAS
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Lawrence, emquanto o poeta tornava a arranjar o atilho da ceroula, e o maestro, n’um enthusiasmo bucolico, ornava o chapéo de folhas de hera.

Defronte da Lawrence, os dois burriqueiros, de cigarro na bocca, não tendo podido apoderar-se dos inglezes, preguiçavam ao sol.

— ­Vocês sabem, perguntou-lhes Carlos, se uma familia, que está aqui no hotel, foi para a Pena?...

Um dos homens pareceu adivinhar, exclamou logo, desbarretando-se.

— ­Sim, senhor, foram para lá ha bocado, e aqui está o burrinho tambem para v. ex.ª, meu amo!

Mas o outro, mais honesto, negou. Não senhor, a gente que fôra para a Pena estava no Nunes...

— ­A familia que o senhor diz foi agora ali para baixo, para o palacio...

— ­Uma senhora alta?

— ­Sim senhor.

— ­Com um sujeito de barba preta?

— ­Sim senhor.

— ­E uma cadellinha?

— ­Sim senhor.

— ­Tu conheces o sr. Damaso Salcede?

— ­Não senhor... É o que tira retratos?

— ­Não, não tira retratos... Tomae lá.

Deu-lhes uma placa de cinco tostões; e voltou ao encontro dos outros, declarando que realmente era tarde para subirem á Pena.

— ­Agora o que tu deves vêr, Cruges, é o palacio.