Naturalmente, n’esse dia, fallou-se da jornada de Lisboa, do bom serviço da malla-posta, do caminho de ferro que se ia abrir... O Villaça já viera no comboyo até ao Carregado.
— De causar horror, hein? perguntou o abbade, suspendendo a colher que ia levar á bocca.
O excellente homem nunca saira de Resende; e todo o largo mundo, que ficava para além da penumbra da sua sachristia e das arvores do seu passal, lhe dava o terror d’uma Babel. Sobre tudo essa estrada de ferro, de que tanto se fallava...
— Faz arripiar um bocado, affirmou com experiencia Villaça. Digam o que disserem, faz arripiar!
Mas o abbade assustava-se sobre tudo com as inevitaveis desgraças d’essas machinas!
O Villaça então lembrou os desastres da mala-posta. No de Alcobaça, quando tudo se virou, ficaram esmagadas duas irmãs de caridade! Emfim de todos os modos havia perigos. Podia-se quebrar uma perna a passear no quarto...
O abbade gostava do progresso... Achava até necessario o progresso. Mas parecia-lhe que se queria fazer tudo á lufa-lufa... O paiz não estava para essas invenções; o que precisava eram boas estradinhas...
— E economia! disse o Villaça, puxando para si os pimentões.
— Bucellas? murmurou-lhe sobre o hombro o escudeiro.
O administrador ergueu o copo, depois de cheio, admirou-