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OS MAIAS
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noiva de Carlos?... Além d’isso tinha uma infinita curiosidade de vêr no seu interior, á sua mesa, essa creatura tão bella, com a sua graça nobre de Deusa moderna! Mas saltou da victoria muito embaraçado.

Por fim tudo se passou com uma facilidade risonha. Maria bordava, sentada nos degraus do jardim. Teve um sobresalto, córou toda, com effeito, ao avistar o Ega que procurava atarantadamente o monoculo: o aperto de mão que trocaram foi mudo e timido: mas Carlos, alegremente, desembrulhára o ananaz — e na admiração d’elle todo o constrangimento se dissipou.

— Oh! é magnifico!

— Que côr, que luxo de tons!

— E que aroma! Veio perfumando toda a estrada.

Ega não voltára á Toca desde a noite fatal da soirée dos Cohens em que elle alli tanto bebera e delirára tanto. E lembrou logo a Carlos a jornada na velha traquitana, debaixo d’um temporal, o grog do Craft, a ceia de perú...

— Já aqui soffri muito, minha senhora, vestido de Mephistopheles!...

— Por causa de Margarida?

— Por quem se ha de soffrer n’este apaixonado mundo, minha senhora, senão por Margarida ou por Fausto?

Mas Carlos quiz que elle admirasse os esplendores novos da Toca. E foi já com familiaridade