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OS SIMPLES
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Oh, os bois enormes, mansos como arminhos,
Meditando estranhas, incubas visões!...
Pousam-lhes nas hastes, vede, os passarinhos,
E por sobre os longos, torridos caminhos
Dos seus olhos caem bençãos e perdões...

Chorarão o velho castanheiro ingente,
Sob o qual dormiram sestas estivaes?
Almas do arvoredo, o seu olhar plangente
Saberá acaso misteriosamente
Traduzir as lingoas em que vós fallaes?!...

Castanheiro morto! que é da vida estranha
Que no ovario exiguo d'uma flor nasceu,
E criou raizes, e se fez tamanha,
Que tresentos anos sobre uma montanha
Seus tresentos braços de colosso ergueu?!...