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OS SIMPLES
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Quantas vezes, quantas! por manhãs radiantes
Em pequeno, alegre como um colibri,
Não trepara aos braços todos verdejantes
D'esse castanheiro, que n'alguns instantes
Ha-de ver em cinzas já desfeito ali!...

Quantas vezes, quantas! lhe bailara em torno!
Quantas noites, quantas! elle ali dormia
Pelo mez das ceifas, quando o luar é morno,
E das restolhadas, quentes como um forno,
Se evolavam cheiros d'arreçã bravia!...

Como não sentir um entranhado afecto,
Como não amal-o com veneração,
Se lhe dera a trave que sustenta o tecto,
Se lhe dera o berço onde repoisa o neto,
Se lhe dera a tulha onde arrecada o pão!