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OS SIMPLES

Ai dos pobres mortos que não tem fogueiras,
Nem velhinhas santas que lhe deem luz!
Sob leivas, onde ninguem põe roseiras,
Umas sobre as outras juntam-se as caveiras,
Dando sangue aos vermes, podridões á Cruz...

D'esses desgraçados, mortos no abandono,
Onde estão as almas? P'ra que Deos as fez?
Quando o vento uivando lhes perturba o somno
Pela treva errantes, como cães sem dono,
Andarão perdidas a ulular talvez!...

Pois até por essas que ninguem conforta
A velhinha chama... e todas ellas vem...
– Vinde pobresinhas, (como o vento as corta!)
Vinde aqui sentar-vos, que eu vos abro a porta,
A aquecer-vos, filhas, ao meu lar tambem! –