Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/109

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absoluta de occupar a sua energia. É por isso que vemos, depois das grandes luctas do principio d’este seculo, os generaes francezes e os officiaes de marinha inglezes procurar em todo o mundo emprego para a sua actividade. Encontramos até no Oriente officiaes de Napoleão pondo a sua espada ao serviço de monarchas indianos, na Europa e na America officiaes de marinha inglezes a commandar as esquadras insurgentes nas luctas da independencia americana e da liberdade europêa. Assim no seculo XV vamos achar cavalleiros portuguezes á cata de aventuras na Inglaterra e na França e até na mais remota Allemanha. Sem fallarmos em D. Alvaro Vaz de Almada, cujos serviços mereceram na Inglaterra a altissima recompensa da ordem da Jarreteira e do condado de Avranches, nem no infante D. Pedro, e em Soeiro da Costa, achamos nas guerras de França, no cêrco de Arras, por exemplo, cavalleiros portuguezes, cujo nome ficou desconhecido, entrando em combates singulares deante dos muros da praça assediada.[1]É esta necessidade de dar vasão a esta superabundancia de energia que leva D. João I, incitado

  1. Os cavalleiros portuguezes estavam no exercito do duque de Borgonha, que defendia Arras, e foram ao combate commandados pelo sire de Cottebrune; os seus adversarios, pertencentes ao exercito de Carlos VI, eram commandados pelo bastardo de Bourbon. Veja-se a nossa Historia de Portugal, tom. III, pag. 267, nota (2.ª edição).