Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/167

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procuravam muito ingenuamente no Oceano as ilhas que a phantasia dos cartographos estampava nos mappas, que tinham viva crença na existencia verdadeira da ilha das Sete Cidades e na ilha de S. Brandão, e da Mayda e da Mão de Satanaz, da Antilha e da ilha do Brazil, e em todas as que nos mappas appareciam, filhas das conjecturas da geographia medieval ou antiga, e, se effectivamente as encontrassem, longe de quererem fazer suppor ao mundo que tinham encontrado terras cuja existencia era de todos desconhecida, se ufanariam de ter achado o que no mappa se designava, e a descoberta das ilhas desertas e vulcanicas dos Açores, e da propria ilha da Madeira toda coberta de bosques não era para elles senão um desapontamento, porque as ilhas que elles cubiçavam, as ilhas celebres, as ilhas dos mappas, essas fugiam-lhes constantemente das mãos.

Que espanto seria o d’esses navegadores, e dos seus contemporaneos se podessem ter conhecimento das duvidas modernas! Como achariam extranho que se lhes dissesse que só encontraram os Açores, porque a posição dos Açores estava indicada nos mappas, quando elles levaram annos a passar de umas para as outras ilhas que teriam n’uma só viagem encontrado se fosse pelos taes mappas que se guiassem![1]

  1. É o proprio Humboldt, que, referindo-se ás epochas do encontro das ilhas diz: «Ces époques sont, pour l’écueil des Formigas, 1431; pour l’île Santa Maria, 1432; pour San Miguel 1444; pour Terceira, San Jorge et Fayal, 1449; pour Graciosa, 1453. La découverte des îles les plus occidentales, Flores et Corvo, paraît antérieure à 1449, mais cette date est moins précise». Hist. de la géographie, etc., tom. II, pag. 105.