Página:Os descobrimentos portuguezes e os de Colombo.djvu/211

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sempre prestes caravelas para poderem seguir no encalço das nossas, caso algumas saíssem com intenções suspeitas.[1] Não admira portanto que se falasse bem alto na necessidade de se evitar as calmas da Guiné, que nunca mais preoccuparam os navegadores portuguezes depois do Brasil se ter descoberto, que D. Manuel quizesse convencer bem o rei de Hespanha de que a nova terra não era para elle senão um porto de escala para a navegação do oriente.

Além d’isso, sabe-se pela leitura do famoso livro de Duarte Pacheco, Esmeraldo de situ orbis, que, apesar de todas as precauções hespanholas, já em 1498 Duarte Pacheco recebera ordens para ir sondar os mares do occidente. De um periodo da sua declaração, confusamente redigido, se quer deduzir que Duarte Pacheco houvesse então descoberto o Brasil, e que Pedro Alvares Cabral não fosse senão tomar posse, mas a descripção de Duarte Pacheco é absolutamente inexacta, o que prova que não vira

  1. Foi o duque de Medina-Sidonia que se offereceu para ir com as suas caravelas em perseguição dos portuguezes, e a 2 de maio de 1493 pediam os reis catholicos ao duque que as tivesse prestes, a 12 de junho e 27 de julho affiançavam a Colombo que não havia motivo para se desconfiar do rei de Portugal, doc. n.ºs 16, 50 e 54 publicados na Collecção de viagens e descobrimentos, citados pelo sr. Teixeira de Aragão a pag. 18 da sua Breve memoria sobre o descobrimento do Brazil.