Ferrer recuando deante do Bojador, como Bethencourt não ousando afastar-se para além das costas de Marrocos, os açorianos desmaiaram deante da infinita solidão do Atlantico. Quando Colombo quebrou essas ultimas barreiras, com que enthusiasmo o receberam, com que despeito por lhe não ter dado inteiro credito o acolheu D. João II! Como logo partiram de toda a parte navios a sondar esses mares desconhecidos! Não aconteceria o mesmo se Jean Cousin ou João Vaz Côrte Real tivessem, antes de Colombo, vencido o grande obstaculo? Não seria para Lisboa ou para Dieppe que se voltaria logo a attenção e a inveja de toda a Europa?
Assim, resumindo as questões capitaes em que se condensa o nosso ponto de vista, temos que os dois grandes problemas geographicos que foram resolvidos pelos navegadores do infante D. Henrique e pelas caravellas de Christovão Colombo eram as seguintes:
1.º Atravessar a zona torrida, que, segundo as affirmações da sciencia, tornava impossivel a communicação entre as duas zonas temperadas, entre a terra em que habitamos e a terra antichthona, entre o mundo antigo que tinha Jerusalem no centro e o alter orbis onde a humanidade vivera antes do diluvio, transpôr o Atlantico, pintado pela lenda e pela tradição antiga como o mar tenebroso, entrar