anthropomorphismo hellenico, que produziu aquelles typos idealmente bellos nas suas proporções sublimes, Apollo e a Aphrodite. Assim o homem tambem não poderia viver senão nas regiões em que o clima tivesse a harmonia e a moderação compativeis com o desenvolvimento normal da vida humana. Logo que o calor principiasse a exaggerar-se, desmanchando o equilibrio da temperatura, desmanchava-se tambem o equilibrio das proporções e da fórma humana. Por isso nas proximidades d’essa pavorosa zona torrida começava a terrivel degeneração da raça, surgiam creaturas cada vez mais monstruosas, e era assim effectivamente que Plinio explicava essa efflorescencia de monstros que, no seu entender e no entender dos outros geographos antigos, se manifestava nas regiões mais proximas da zona torrida[1], onde desapparecia emfim no immenso incendio com que o sol abrazava o mundo.
Mas, como diziamos, Ptolomeu entendia e bem que eram duas as zonas temperadas, uma ao norte, e outra ao sul do Equador, mas entre as duas, pela sua theoria, não podia haver communicação. Essa
- ↑ «Se as extremidades da Ethiopia nos offerecem figuras extranhas de homens e de animaes, pouco nos devemos espantar: é o effeito do excessivo calor que alli reina, porque a acção do fogo é maravilhosamente propria para fazer tomar ás partes exteriores de todos os corpos uma infinidade de configurações diversas.» (Plinio, Historia Natural, tom. V, cap. XXX.)