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com muito pouca mistura de outras conchas. Encontram-se ahi tambem alguns machados e pedras grosseiras e mal trabalhadas, de mistura com alguns ossos humanos, de aves e quadrupedes. Deste sambaqui nada mais resta, sendo até difficil achar-se o logar onde existiu.

O segundo é o de Passa-mirim, situado na margem direita de um canal de mangue, denominado rio Mumbatuba. Dista da beira-rio cerca de 500 metros e está formado sobre uma elevação de cerca de 8 metros acima do solo circumvizinho, e portanto ao abrigo das marés, mesmo das equinoxiaes. Neste pode-se reconhecer uma certa estratificação irregular e mal definida. O sambaqui é pequeno, pois não tem mais de 16 metros de diametro sobre uma elevação maxima de 2 metros, de forma quasi circular.

Ao pó deste e attirados para um lado pelos exploradores da cal, encontraram-se dous craneos, reproduzidos nas estampas (XII. XIII. XIV. XV.) Numa ligeira excavação que fizemos encontrámos apenas alguns ossos humanos quebrados e deteriorados, ossos de peixes e vertebras de cação, mas nenhum objecto de pedra trabalhada. Era este sambaqui da mesma composição que os outros.

Dos outros 7 sambaquis, que explorámos, pouco se pode dizer, visto serem todos menores e sem importancia. Grande parte delles (5) já se acham reduzidos a uma massa que nem é cal, nem é humus; mas ainda assim em todos elles encontram-se vestigios de ossos humanos decompostos e pedras. Dois delles foram completamente arrasados para o fabrico da cal.

Parece-nos que este centro não é um dos maiores e sim um annexo ao segundo, ou da ilha de Santo Amaro, tendo sido talvez a séde de uma parte da mesma tribu que habitava o segundo centro, com o qual teve communicação facil, o que parece harmonisar-se com as descripções de Hans Staden e Fernão Cardim. Ambos fallam de aldeias esparsas das tribus que conheciam, em pequena distancia uma da outra.

Entre os manuscriptos deixados pelo naturalista Dr. Carlos