Página:Os symbolos nacionaes.pdf/42

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fim, como, por exemplo, fez a França, com a organização do systema metrico, e como nós mesmos temos feito, mais de uma vez, com assumptos de importancia? Ou, melhor ainda (afim de acoroçoar e desenvolver a emulação, justiceira e vantajosa para todos), por que não promoveram um concurso livre e serio, cuja discussão fôsse pública, julgado por homens reconhecidamente notaveis e competentes, ou approvado por um plebiscito, estabelecendo-se, como recompensa, um premio que estimulasse e estivesse á altura do objectivo? Longe disso, porêm! Os nossos governantes, em logar de empregarem o maior zêlo e a maior ponderação nessa materia, andaram desastradamente, resolvendo a questão assim de afogadilho: porque o resultado foi o sesquipedal portento que ainda se vê...

Relativamente á geographia, pâra não nos referirmos mais á astronomia (ambas sui generis, percebe-se), o erro da bandeira é palmar: ahi, o Brasil é figurado como si tivesse, apenas, um estado ao norte do equador, quando não ha collegial que ignore que dous estados — Amazonas e o Pará —— se prolongam ácima dessa linha! Mui censuravel tambem é a disparatada representação dos Estados por meio de estrellas desconformes e dispersas.

Com referencia á legenda comtista, rotulada na supposta faixa representativa do zodiaco, achamol-a pascasiamente inerte e decorativa. É uma fórmula vă, como muito bem foi considerada por um reputado sabio extrangeiro que nos estudou, Élisée Reclus[1]. A ordem e o progresso não sio as unicas aspiraçõus nacionaes, nem constituem privilégio algum nosso, visto como essas idéas, e tambem as de liberdade e egualdade, amor e união, paz e concordia, dever e direito, soberania e justiça, tradição e glória, etc., devem ser communs a todos os povos: e nem por isso precisain elles de inscrevel-as nas bandeiras! De-

  1. Eliseée Reclus, Estados Unidos do Brazil, trad. de Ramiz Galvão, Rio de Janeiro, 1900, cap. XI, pág. 463.