Fugiam para o Texas, para o Perú, para o Mexico. Os homens da Loire, salteadores então, paladinos hoje, tinham fundado o campo de Asylo. Dizia uma canção de Beranger:
Sauvages, nous sommes français;
Prenez pitié de notre gloire.
Expatriar-se era o recurso; porém, nada menos simples que fugir; este monosyllabo encerra abysmos. Tudo é obstaculo para quem se esquiva. Fugir é disfarçar-se. Pessoas importantes, e até illustres, viram-se reduzidas aos expedientes dos malfeitores. E ainda assim sahiam-se mal. Eram inverosimeis. Os seus habitos de franqueza tornava-lhes difficil resvalar pelas malhas da evasão. Um gatuno fugitivo mostrava-se mais correcto aos olhos da policia do que um general. Imaginem a innocencia constrangida a disfarçar-se, a virtude contrafazendo a voz, a gloria mascarando o rosto. Algum individuo que passasse com ar suspeito, era uma reputação á cata de um passaporte falso. O ar embaraçado de um fugitivo, não provava que elle deixasse de ser um heróe. Traços fugazes e caracteristicos dos tempos, que a historia regular esquece, mas que o verdadeiro pintor de um seculo deve rememorar. Atraz dos homens honestos, fugiam os tratantes, menos vigiados, menos suspeitos. Um tratante obrigado a eclipsar-se aproveitava-se da confusão, fazia parte dos proscriptos, e muitas vezes, graças a uma arte apurada, parecia naquelle crepusculo mais honesto que o honesto. Que ha ahi mais acanhado que a probidade diante da justiça? Nada