com isto, por causa dos passaros e por causa das crianças.
Os furta-ninhos, são especies de gaiatos do occeano, pouco timidos.
A noite era escura. Espessas superposições de nuvens escondiam o zenith. Tres horas da manhã soavam no sino de Torteval que é redondo e pontudo, semelhante a um chapéo de magico.
Porque voltavam tão tarde aquelles pequenos? Nada mais simples. Tinham ido á caça dos ninhos de cotovias no Tas de Pois d’Aval. Como a estação tinha sido amena, começaram cedo os amores dos passaros. Os pequenos, espreitando os machos e as femeas á roda dos ninhos, e distrahidos pela tenacidade da empreza tinham esquecido as horas. Foram cercados pela maré. Não poderam voltar a tempo para a canoa e tiveram de esperar que o mar se retirasse, assentados em uma das pontas do Tas de Pois. Tal foi o motivo da volta nocturna. Estas voltas são esperadas sempre pela febril inquietação das mães que, uma vez tranquillas, manifestam a alegria por meio da colera, e lacrimosas dissipam o terror a cachações. Por isso os pequenos apressavam-se, mas iam assustados. Apressavam-se, mas de boa vontade se demorariam, era um certo desejo de não chegar nunca. Tinham em perspectiva um beijo complicado de sopapo.
Só um dos meninos nada receiava; era um orphão. Era francez e ia bem contente de não ter naquelle dia nem pae nem mãe. Não tendo ninguem que se interessasse por elle, escapava á bordoada. Os outros dous eram guernezianos e da parochia de Torteval.