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Página:Os trabalhadores do mar.djvu/224

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O ponto negro, semelhante a uma formiga no mar, era uma barcaça.

A barcaça parecia querer ganhar a terra. Era tripolada por alguns marinheiros que remavam vigorosamente.

Já obliquava a pouco e pouco e dirigia-se para a ponta do Decollé.

A espreita do guarda-costa chegou ao seu maior gráo de fixidez. Elle não perdia nenhum dos movimentos da barcaça. Approvimou-se mais ainda da borda do rochedo.

Neste momento um homem de alta estatura, o quaker, surgio por traz do guarda-costa, no alto da escada. O espião não via o quaker.

Parou este alguns instantes, com os braços cahidos, e os punhos crispados, e, com o olhar do caçador que aponta, olhou para as costas do espião.

Quatro passos apenas o separavam do guarda-costa; adiantou um pé, depois parou; deu outro passo e parou outra vez; o unico movimento que fazia era andar, o resto do corpo era estatua; o pé firmava-se na relva sem rumor; deu terceiro passo, e parou; estava quasi tocando o guarda-costa, sempre immovel, com o oculo fixo. O homem ajuntou as duas mãos fechadas na altura das suas claviculas, depois, bruscamente, abateram-se os antebraços, e os dous punhos, como que soltos por uma mola, bateram nos hombros do guarda-costa. O choque foi sinistro. O guarda-costa nem teve tempo de soltar um ai. Cahio de cabeça no mar. Viram-se-lhe os pés durante o tempo de um relampago. Foi uma pedra n’agua. A agua cerrou-se depois, descrevendo dous ou tres grandes circulos.