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Página:Os trabalhadores do mar.djvu/23

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levanta-se um amontoado de torres e de hera chamado o castello do Valle ou do Archanjo, de sorte que de Saint-Sampson não se via o tutú da rua.

Não são raros os feiticeiros em Guernesey. Exercem a procissão em certas parochias, apezar de vivermos no seeulo dezenove. Praticam acções verdadeiramente criminosas. Fazem ferver ouro. Colhem hervas á meia noite. Olham de travez para o gado. Consultam-n’os; elles mandam buscar em garrafas a agua dos doentes, e dizem em voz baixa: a agua parece bem triste. Affirmou um feitieeiro em Março de 1857, que na agua de um doente havia sete diabos. São temidos e temiveis. Ha poueo tempo um delles enfeitiçou um padeiro e mais o forno. Outro tem a perversidade de fechar e lacrar uma porção de sobreeartas, sem haver nada dentro. Outro chega ao ponto de ter em casa, em cima de uma taboa, tres garrafas com um B em cada uma. Estes factos monstruosos são conhecidos. Alguns feitieeiros são complaeentes, e por dous ou tres guinéos incumbem-se de soffrer as nossas molestias. Rolam e gritam em cima da cama. Emquanto elles se estoreem, diz o doente: «E esta! já estou bom!» Outros curam todas as molestias amarrando um lenço ao redor do corpo do doente. E’ um remedio tão simples que admira não se ter ainda ninguem lembrado delle.

No seculo passado o tribunal real de Guernesey colloeava-os sobre uma porção de achas de lenha e queimava-os vivos. Presentemente condemna-os a oito semanas de prisão, quatro a pão e agua e quatro no segredo, alternando. Amant alterna catenɶ.

A ultima queima de feitieeiros em Guernesey foi