Página:Os trabalhadores do mar.djvu/318

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guarda-costa collocar-se de emboscada atraz do grande Hanois, mas a vela passou os Hanois, deixou atraz de si a noroeste a Boue Blondi, e mergulhou-se ao largo nas brumas lividas do horisonte.

Onde diabo vai aquella barca? disseram os contrabandistas?

Na mesma noite, pouco depois de pôr o sol, ouvio-se alguem bater na porta da casa mal assombrada em que morava Gilliatt. Era um rapaz vestido de escuro, com meias amarellas, o que indicava ser sacristão. A casa estava fechada, porta e postigos. Uma velha pescadora de fructas do mar, passeando pelo banco, com uma lanterna na mão, chamou o rapaz, e trocaram-se estas palavras entre elles:

— Que quer você?

— O homem d’aqui.

— Não está em casa.

— Onde está?

— Não sei.

— Virá amanhã?

— Não sei.

— Foi-se embora d’aqui?

— Não sei.

— É que o novo cura da parochia, o reverendo Ebenezer Caudray, queria fazer-lhe uma visita.

— Não sei.

— O reverendo mandou-me saber se o homem estava em casa amanhã de manhã.

— Não sei.