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Página:Os trabalhadores do mar.djvu/340

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No momento em que Gilliatt abordou o escolho, o mar baixava, circumstancia favoravel. As vagas decrescentes descobriam ao pé da pequena Douvre, algumas pedras chatas ou pouco inclinadas, á semelhança de harpéos carregando um pavimento. Essas superficies, umas estreitas, outras largas, encadeando e elevando-se, com espaços desiguaes, ao longo do monolitho vertical, prolongava-se em cornija até debaixo da Durande, que abarcava o espaço entre os dous rochedos. Estava apertada ali como n’um tomilho.

Eram commodas aquellas plataformas para desembarcar e observar. Podia-se desembarcar ali, provisoriamente, o carregamento da pança. Mas era preciso apressar-se, porque ellas estariam fóra d’agua pouco tempo. Quando a maré enchesse ficariam outra vez cobertas.

Foi para essas rochas, umas chatas, outras declives, que Gilliatt impellio e fez parar a pança.

Uma espessura de sargaço, humida e escorregadia cobria essas rochas, e a obliquidade de algumas dellas mais escorregadias as tornava.

Gilliatt descalçou-se, saltou sobre o limo, e amarrou a pança em uma ponta de rochedo.

Depois approximou-se o mais devagar que pôde sobre a estreita cornija de granito, chegou debaixo da Durande levantou os olhos e contemplou-a.

A Durande estava preza, suspensa, e como que ajustada entre os dous penedos, vinte pés acima das vagas. Era preciso que fosse atirada ali por uma furiosa violencia do mar.

Tão impetuoso empurrão não faz pasmar a gente