Página:Os trabalhadores do mar.djvu/358

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do poço das correntes. O oceano ferve. O diabo poz o mar na sua caldeira, dizia Ruyter.

Em certas tempestades que caractensam os movimentos das estações e as entradas em equilibrio das forças genesiacas, os navios battidos de escuma parecem evaporar uma luz, e flammas de phosphoro corrêm pelo cordoame, tão misturadas aos cabos que os marinheiros estendem a mão e procuram apanhar esses passaros de fogo. Depois do terremoto de Lisboa, um halito de fornulha impellio para a cidade uma vaga de sessenta pés de altura. A oscillação liga-se ao estremecimento terrestre.

Essas energias incommensuraveis tornam possiveis todos os cataclysmas.

No fim de 1864, a cem leguas das costas de Malabar, sossobrou uma ilha, como se fôsse um navio. Os pescadores que tinhão sahido de manhã voltaram á noite e não acharam nada; apenas puderam ver as suas aldêas de baixo de agua; e desta vez foram os barcos que assistiram ao naufragio das casas.

Na Europa onde parece que a naturesa sente-se constrangida em respeito à civilisação, taes acontecimentos são raros até á impossibilidade presumivel.

Todavia, Jersey e Guernesey fizeram parte da Gallia; e, no momento em que escrevemos, um vento equinocio acaba de demolir na fronteira da Inglaterra e de Escossia o penedio da praia chamado Primeiro dos Quatro, First of the Fourth.

Em parte alguma essas forças panicas apparecem mais formidavelmente amalgamadas do que no sorprehendente estreito boreal chamado Lyse-Fiord. O Lyse-Fiord é o mais temivel dos escolhos-boreaes