Página:Os trabalhadores do mar.djvu/369

Wikisource, a biblioteca livre
— 129 —

Desprendeu-se a corda, e veio bater na columna abaixo de Gilliatt.

Gilliatt lançou a corda pela terceira vez.

Desta vez não cahio.

Gilliatt puxou a corda. Acorda resistio. O gancho estava seguro.

Ficara seguro em alguma anfractuosidade da plataforma que Gilliatt não podia ver.

Tratava-se de confiar a vida aquella desconhecida prisão do gancho.

Gilliatt não hesitou.

Urgia tudo. Era preciso ir quanto antes.

Além de que, descer ao tombadilho da Durande para procurar qualquer outro meio, era cousa impossivel. O resvalamento era provavel e a queda quasi certa. Sobe-se, não se desce.

Tinha Gilliatt, como todos os bons marinheiros, movimento de previsão. Nunca perdia força. Vinham dahi os prodigios de vigor que elle executava com musculos ordinarios; tinha as forças communs, mas uma grande coragem. Ao lado da força, que é physica, tinha a energia, que é moral.

Devia praticar alli um acto tremendo.

Galgar, suspenso áquelle fio, o intervallo das duas Douvres; tal era a questão.

São frequentes nos actos de dedicação ou de dever esses pontos de interrogação que parecem postos pela morte.

Farás isto? diz a sombra.

Gilliatt executou uma segunda tracção de ensaio sobre o gancho; o gancho resistio.

Gilliatt embrulhou a mão esquerda no lenço, apertou