Página:Os trabalhadores do mar.djvu/372

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O dia foi bom, a cousa começava bem, Gilliatt estava satisfeito, reparou que tinha fome.

Desatou o cesto de provisões, abrio a faca, cortou um pedaço de carne fumada, trincou o pão de rala, bebeu um gole do pichel de agua doce, e ceou admiravelmente.

Trabalhar bem e comer bem, são duas alegrias. O estomago cheio assemelha-se a uma consciencia satisfeita.

Acabada a ceia, ainda havia sol. Gilliatt aproveitou a claridade para começar a alliviar o navio, que era urgente.

Tinha passado uma parte do dia a separar os destroços. Poz de lado, no compartimento solido, onde estava a machina, tudo o que podia servir, madeira, ferro, cordoame, velame. O que era inutil deitou ao mar.

O carregamento da pança, içado pelo cabrestante até o tombadilho, era, embora summario, um estorvo. Gilliatt vio a especie de nicho cavado na pequena Douvre, a uma altura que elle podia tocar com a mão. Vê-se muitas vezes nos rochedos esses armarios naturaes, não fechados, é verdade. Pensou que era possivel confiar o deposito aquelle nicho. Poz no fundo as duas caixas, a da ferramenta e a do vestuario, os dous saccos, o centeio e o biscouto, e na frente, demasiado chegado a borda, por não haver mais lugar, o cesto das provisões.

Teve cuidado de retirar da caixa das roupas a pelle dc carneiro, a japona e as grevas alcatroadas.

Para impedir que o vento desse na corda de nós prendeu a ponta em uma porca da Durande.