— Tem mais sebo do que carne.
— Devéras!
— Estaes certo de que Gilliatt não lhe pôz os olhos em cima?
Gilliatt parava nos campos, ao pé dos lavradores, e nos jardins ao pé dos jardineiros, e dizia-lhes palavras mysteriosas:
— Quando florecer a scabiosa, semea o centeio.
— O freixo enfolha, acaba-se a neve.
— Solsticio de verão, cardo em flôr.
— Se não chover em Junho, o trigo ha de espigar. Tomem cuidado com as plantas nocivas.
— A cerejeira está dando fructos, desconfia da lua cheia.
— Se o tempo, no sexto dia da lua, conservar-se como no quarto dia ou como no quinto, ha de ser o mesmo em toda a lua, nove vezes em doze no primeiro caso, e onze vezes em doze no segundo.
— Vigia o teu visinho com quem andas em processo. Cautella com as espertezas. Porco que bebe leite quente, estoira. Vacca que leva alho nos dentes, não come.
— O peixe está gerando, guarda-te das febres.
— As rãs apparecem, semea os melões.
— A anemona enflora, semea a cevada.
— A tilia enflora, ceifa os campos.
— O choupo enflora, fecha as estufas.
E, cousa terrivel, quem seguisse os seus conselhos acha-los-hia muito bons.
Uma noite de Junho, em que elle tocava o bug pipe, sobre os cabedellos da praia, do lado da Damie de Fontenelle, não se pode pescar uma só cavalla.