Gilliatt sentio o abalo. Ha sonho no trovão. Essa realidade brutal na região visionaria tem alguma cousa de terrifico. Acredita-se ouvir a queda de um movel no aposento dos gigantes.
Nenhum flammejar electrico acompanhara o som. Foi um trovão negro. Voltou o silencio. Houve uma especie de intervallo como quando se toma posição. Depois um após outro, e lentamente, romperam-se informes relampagos. Eram todos mudos. Nenhum rugido. Cada relampago illuminava. A muralha de nuvens era agora um antro. Havia nella abobadas, e arcarias. Viam-se traços. Esboçavam-se monstruosas cabeças; distendiam-se pescoços; entreviam-se e desappareciam elephantes carregados de torres. Uma columna de bruma, recta, redonda, com uma fumaça branca em cima, simulava o cimo de um vapor collossal, engolido, bufando debaixo da vaga fumegante. Ondulavam toalhas de nuvem. Acreditava-se vêr dobras de bandeiras. No centro, debaixo de vermelhas espessuras, mergulhava-se, immovel, um caroço de nevoeiro denso, inerte, impenetravel ás faiscas electricas, especie de feto hediondo no ventre da tempestade.
Gilliatt sentio subitamente que um vento lhe agitou os cabellos. Tres ou quatro largas aranhas de chuva despedaçaram-se em roda delle na rocha. Depois houve um segundo trovão. Começou o vento.
A espera da sombra chegara ao cumulo; o primeiro trovão agitara o mar, o segundo rachou a muralha de nuvens de alto abaixo, abrio-se uma fenda, toda a batega suspensa jorrou por esse lado,