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Página:Os trabalhadores do mar.djvu/511

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uma especie de janella grande crepuscular abrio-se no zenith, e apagaram-se os relampagos; pareceu que estava acabado. Era o começo.

O vento mudou de sudoeste para nordeste.

A tempestade ia recomeçar com uma nova matilha de furacões. Vinha do norte, violento assalto. Os marinheiros chamam a isso o vento de esboroar. O vento do sul tem mais agua, o vento do norte tem mais raios.

Vindo do nordeste, a aggressão ia dirigir-se ao ponto fraco.

Desta vez Gilliatt parou o trabalho, e olhou.

Collocou-se de pé sobre uma saliencia de rochedo inclinado por traz da segunda claraboia quasi terminada. Se a primeira chapa do quebra-mar fosse afundada, desabaria a segunda, ainda não consolidada, e debaixo dessa demolição, esmagaria Gilliatt, Gilliatt no lugar que escolhera, seria achatado antes de ver a pança e a machina e toda a sua obra abysmar-se no golphão. Tal era a eventualidade. Gilliatt, acceitou-a, e, terrivel, elle a queria.

Nesse naufragio de todas as suas esperanças, morrer primeiro, convinha-lhe a elle; morrer primeiro, porque a machina fazia-lhe o effeito de uma pessoa. Levantou com a mão esquerda os cabellos collados aos olhos pela chuva, apertou o martello, inclinou-se para traz, ameaçante, e esperou.

Não esperou muito.

Um ribombo deu o signal, fechou-se a abertura pallida do zenith, precipitou-se uma rajada de chuva, tudo tomou-se escuro, e não houve outro facho mais que o relampago. Começava o sombrio ataque.