Página:Os trabalhadores do mar.djvu/625

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com toda a soffreguidão que póde ter um beijo na fronte. Ao mesmo tempo estendia o braço para o canto escuro onde estava Gilliatt.

— Deruchette, disse elle, estás outra vez rica, e o teu marido é aquelle.

Deruchette levantou a cabeça desvairada e olhou para a sombra.

Mess Lethierry continuou:

— Ha de se fazer o casamento quanto antes, amanhã se fôr possivel, hão de haver dispensas, mas as formalidades são simples, o decano faz o que quer, casa-se a gente antes de gritar: guarda de baixo! não é como em França, onde se precisam banhos, publicações, dilações, um chuveiro de formalidades, e tu serás mulher de um homem valente, e não ha que dizer, é um marinheiro, sempre o pensei desde o dia em que o vi voltar de Herm com a peça de artilheria. Agora volta das Douvres, com a sua fortuna, e a minha, e a fortuna da terra; é um homem que hade dar que fallar; tu disseste: caso-me com elle; pois has de casar; e hão de ter filhos, e eu serei avô, e terás fortuna de ser a lady de um rapagão sério, que trabalha, que é util, que é sorprehendente, que vale por cem, que salva as invenções dos outros, que é uma providencia, e ao menos não casarás, como todas as raparigas ricas deste lugar, com um soldado ou um padre, isto é o homem que mata e o homem que mente. Mas que fazes ahi mettido no canto, Gilliatt? Ninguem te vê. Dôce! graça! todos! luzes! Illuminem o meu genro a giorno. Caso-os, meus filhos, e eis teu marido, e eis o meu genro, o Gilliatt da casa mal