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Página:Osmîa - tragedia de assumpto portuguez, em cinco actos (1788).pdf/36

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Inda quando, infieis, da liberdade
Permittida ſe faça ingrato abuſo
Onde iremos buſcar ſeguro azilo?
Cercadas de inimigos: ferrolhados
Os noſſos Turdetanos, mal podemos
Afiançar hum paſſo, que em ſi meſmo
Envolve de vileza hum pezo enorme.
Se Rindaco viveſſe; ſe eu pudeſſe
Ao menos indagallo! Implora o Numen, [1]
Conſulta o Simulacro.

Eledia. Naõ ignoras,
Que em lugar profanado, improprio tempo,
Naõ s'implora dos Deoſes alto auſpicio.
Como queres que as Aras ſe rodeem
Do Povo adorador que jaz cativo?
Como eu meſmo cativa, e ſoſſobrada
Da infauſta perda ſoltarei os votos
Com que faça deſcer o vaticinio?
Como as pedras, o fogo, as ſantas Aves,
As tremulas entranhas fumegando
Obſervar poderei? Onde as cruentas,
As palpitantes mãos recem cortadas
Aos cativos que victimas aceitas
Nas Aras d'Endovelico ſe offerecem?
Conſerva-te innocente, e verás como
O ſoccorro nos vem quando opportuno
Os Deoſes o julgarem. Porém Probo
Apparece acolá, verei ſe delle
Alguma luz recebo que nos guie.

Oſmîa. Sim, Eledia, vejamos ſe nos deixaõ
Examinar os noſſos Turdetanos. [2]


SCE

  1. Para Eledia.
  2. Parte.