vem tão alegre? perguntou um tecelão, jantando à porta de casa com a mulher.
Charmion voltou os olhos cheios de mistérios do Nilo para o lado que o marido indicava. Pha-Nohr, logo que os viu, correu para eles. Era à entrada da cidade; podia ir buscar pousada e comida. Mas tão ansioso estava por sentir que não era rei e meter a mão nos corações e nos caracteres, que não hesitou em pedir-lhes algum bocado para matar a fome.
— Sou um pobre escriba, disse ele. Trago uma caixa de pedras preciosas, que me deu o faraó por achar que era parecido com ele; mas pedras não se comem.
— Comerás do nosso peixe e beberás do nosso vinho, disse-lhe o tecelão.
O vinho era ruim; o peixe fora mal crestado ao sol; mas para ele valiam mais que os banquetes de Mênfis, era o primeiro jantar da liberdade. Expandia-se o ex-faraó; ria, falava, interrogava, queria saber isto e aquilo, batia no ombro ao tecelão, e este ria-se também e contava-lhe tudo.
— A cidade é um covil de sacripantes; mais ruins que eles só os meus vizinhos aqui da entrada. Contarei a história de um ou dois e bastará para conhecer o resto.
Contou umas coisas juntamente ridículas e execráveis, que o hóspede ouviu aborrecido. Este, para desanojar-