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Página:Paginas recolhidas.djvu/148

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surrado pelo uso, não pôde reter as lágrimas. Já então haviam perdido o pai, - náufrago ou suicida, - que não deixara de si mais que dívidas e saudades. Um mês inteiro gastaram a esperar alguma notícia ou o cadáver. Parece que esses dramas são comuns na costa bretã; lembrai-vos do pescador da Islândia e das angústias da pobre Maud, à espera que voltem Yann e o seu barco, e vendo que todos voltam, menos eles.

— Já vieram todos os de Tréguier e Saint-Brieuc, diz à pobre Maud uma das mulheres que também iam esperar à praia. Tréguier é justamente a cidadezinha em que nasceu Renan. O navio do pai voltou, ao invés da Léopoldine de Yann, mas voltou sem o dono, e só depois de longos dias é que o cadáver foi arrojado à praia entre Saint-Brieuc e o cabo Fréhe!. Os pormenores e o quadro são outros; da invenção de Loti resultou um livro; da realidade de 1828 nasceu e cresceu a nobre figura de Henriqueta. Ela enfrentou com o trabalho, disposta a resgatar as dívidas do pai e acudir às necessidades da família. Rejeitou um casamento rico, unicamente pela condição que trazia de deixar os seus. Abriu uma escola, mas foi obrigada a fechá-la, e pouco depois aceitou emprego em uma pensão de meninas em Paris. Renan diz que as suas estréias na capital foram horríveis, e pinta o contraste da provinciana, e particularmente da bretã, com aquele mundo novo para ela, feito de "