— Nenhum me parece mais util e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, as instrucções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação e relevo moral, alem das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem, meu querido filho, ouve-me e entende. És moço, tens naturalmente o ardor, a exhuberancia, os improvisos da edade; não os rejeites, mas modera-os de modo que aos quarenta e cinco annos possas entrar francamente no regimen do aprumo e do compasso. O sabio que disse: « a gravidade é um mysterio do corpo », definiu a compostura do medalhão. Não confundas essa gravidade com aquella outra que, embora resida no aspecto, é um puro reflexo ou emanação do espírito; essa é do corpo, tão sómente do corpo, um sinal da natureza ou um geito da vida. Quanto á edade de quarenta e cinco annos...
— É verdade, por que quarenta e cinco annos?
— Não é, como podes suppôr, um limite arbitrario, filho do puro capricho; é a data normal do phenomeno. Geralmente, o verdadeiro medalhão começa a manifestar-se entre os quarenta e cinco e cincoenta anos, comquanto alguns exemplos se dêm entre os cincoenta e cinco e os sessenta; mas estes