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Página:Papeis avulsos.djvu/305

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NOTAS
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sem jamais poderem converter-se á narração; tal qual os romances psychologicos, em que a urdidura dos factos é breve ou nenhuma. Ultimamente, exercia o professorado no Collegio de Pedro II; mas a doença tomou-o entre as suas tenazes, para não o deixar mais.

“ Não o deixou mais: comeu-lhe a seiva toda; desfibrou-o com a paciencia dos grandes operarios. Elle, como vimos, prestes a tropeçar na cova, regalava-se ainda das reminiscencias litterarias, evocava a palheta de Ruysdael, olhando para a vida que lhe ia sobreviver, a vida da arte que elle amou com fé religiosa, sem proveito para si, sem calculo, sem odios, sem invejas, sem desfallecimento. A doença fel-o padecer muito; teve instantes de dôr cruel, não raro de desespero e de lagrimas; mas, em podendo, reagia. Encararia alguma vez o enigma da morte? Poucas horas antes de morrer (perdôem-me esta recordação pessoal; é necessaria), poucas horas antes de morrer, lia um livro meu, o das Memorias Posthumas de Braz Cubas, e dizia-me que interpretava agora melhor algumas de suas passagens. Talvez as que entendiam com a occasião... E dizia-me aquillo serenamente, com uma força de animo rara, uma resignação de granito. Foi ao sair de uma dessas visitas, que escrevi estes versos, recordando os arrojos d’elle comparados com o actual estado. Não lh’os mostrei; e dou-os aqui para os seus amigos:

" Sabes tu de um poeta enorme,
     Que andar não usa
No chão, e cuja extranha musa,
     Que nunca dorme,