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PAQUITA

Que doce beijo! Ó timida Paquita,
Joven filha da ardente Andaluzia,
Tu, chistosa e travessa morenita,
Sentirias a magica poesia
D'esse beijo, primeiro que na vida
Estranhas sensações no peito agita!


As tintas do pudor naquelle instante
Affrontaram as faces da donzella.
Oh! como era inspirada e fascinante
A expressão que assumíra o rosto d'ella!
Allucinado, em divinal transporte,
O gentil andaluz contempla a bella!


Como ao romper do sol numa alvorada
Do fresco mez d'abril, a fragil rosa,
Pelo orvalho da noite borrifada,
Cede ao pezo, curvando-se amorosa,
E uma a uma derrama as doces lagrimas
Sobre a relva macia e lanceolada,