Página:Parnaso Sergipano (Volume 1).pdf/127

Wikisource, a biblioteca livre

I
O leito de flores


Vem, meu anjo mimoso, no remanso

Da noite, em solidão, fallar de amores:

Aqui te offe-ta em gala a natnreza

Suave leito de cheirosas flores.


Foi p'ra ti que esmerou-se em preparal-o,

Foi pr'a ti que ella o fez tão primoroso;

Acode, oh, minha Elisa, aos seus reclamos;

Aceita o seu presente, tão formoso...


Vem vêr candida virgem feiticeira,

Que flores tão gentis formam teu leito:

Ah ! tu podes, airosa reclinada,

Tua fronte pousar junto a meu peito.


D'aqui somos nòs dois os soberanos;

Os prazeres vassallos nossos são;

Nosso império é suave, é só de flores

E de amor, nesta casta solidão.

Ai ! não tardes meu, bem ! lindas violetas

De aroma te encherão as tranças, de oiro:

E na lua, e no céo, n'estes verdores

Acharás de magias um thesouro.