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Página:Phalenas.pdf/186

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XXVII


Dizia a carta: «Crime ou virtude,
«É meu filho poeta; e corre fama
«Que já faz honra á nossa juventude
«Co′ a viva inspiração de etherea chamma;
«Diz elle que, se o genio não o illude,
«Camões seria se encontrasse um Gama.
«Deos o fade; eu perdôo-lhe tal sestro;
«Guia-lhe os passos, cuida-lhe do estro.»

XXVIII


Lida a carta, o philosopho erudito
Abraça o moço e diz em tom pausado:
«Um sonhador do azul e do infinito!
«É hospede do céo, hospede amado.
«Um bom poeta é hoje quasi um mytho,
«Se o talento que tem é já provado,
«Conte co′ o meu exemplo e o meu conselho;
«Boa lição é sempre a voz de um velho.»

XXIX


E trava-lhe da mão, e brandamente
Leva-o junto d′Elvira. A moça estava
Encostada á janella, e a esquiva mente