Saltar para o conteúdo

Página:Poesias (Bernardo Guimarães, 1865).djvu/110

Wikisource, a biblioteca livre
— 102 —

C’o desanimo n’alma te reclinas
      A’ margem do caminho?!

Olha, ó poeta, como a natureza
      Em torno te desdobra
Sorrindo o seu painel cheio de encantos:
Eis um vasto horizonte, um céo sereno,
Serras, cascatas, ondeantes selvas,
Rios, collinas, campos de esmeralda,
Aqui valles de amor, vergeis floridos,
De frescas sombras perfumado asylo,
Além erguendo a voz ameaçadora
O mar, como um leão rugindo ao longe,
Alli dos montes as gigantes fórmas
Com as nuvens do céo a confundir-se,
Desenhando-se em longes vaporosos.
Donoso quadro, que me arrouba os olhos,
N’alma acordando inspirações saudosas!
Tudo é belleza, amor, tudo harmonia,
      Tudo a viver convida,
Vive, ó poeta, e canta a natureza.

      Nas sendas da existencia
As flôres do prazer ledas vicejão;