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Vejo-te as fôrmas do donoso corpo
     Em vestes vaporosas,
E o bello riso, e a luz languida e meiga
     Das palpebras formosas!

Vejo-te sempre, mas ante mim passas
     Qual sombra fugitiva,
Que me sorrio n’um sonho, e ante meus olhos
     Deslisa sempre esquiva!

Vejo-te sempre, ó tu, por quem minh’alma
     De amores se consome;
Mas quem tu sejas, qual a patria tua,
     Não sei, não sei teu nome!




     Ninguem te vio sobre a terra,
     És filha dos sonhos meus:
     Mas talvez, talvez que um dia
     Te eu vá encontrar nos céos.

     Tu não és filha dos homens,
     O’ minha celeste fada,