Vai pois a pobre musa, e vai sózinha
Por essas feias mattas, sem ter medo
De onças, sucurys ou jararácas,
No teu fundo retiro procurar-te.
Não vai c’roada de apollineo louro,
Nem cinge aos pés o classico cothurno,
E nem tão pouco empunha eburnea lyra
De cordas de ouro e ornada de guirlandas.
Vai, coitadinha! de chapéo de palha,
De chale sobraçado; os pés lhe amparão
Sandalias de romeira, — aos hombros leva
Um velho violão, e nos cabellos
Singelas flôres, que apanhou no campo.
E tu, a quem a prodiga natura
Creou para cantar as maravilhas
D’esse torrão feliz em que nasceste,
A quem o sol esplendido dos tropicos
N’alma ateou da inspiração a chamma,
Que fazes n’esses teus ignotos ermos,
Que o sonoroso canto não desprendes
Celebrando os encantos e as riquezas
Que a mão de Deos com profusão creára