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Página:Poesias (Bernardo Guimarães, 1865).djvu/382

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Que cada vez mais alto salta e vôa,
A pulos vence os alcantis agudos,
Galga barrancos, sotopõe fraguedos,
Até que de fadiga extenuado
Pelas narinas, pela aberta boca
Os ardentes arquejos exhalando
Os fumegantes flancos lhe latejão...
Porém julgando já longe o perigo
Estafado e arquejante um pouco pára,
Por um momento inquieto o ouvido applica
A consultar os échos da floresta; —
Mas ai! — inda não longe lhe resôão
Os continuos latidos da matilha,
Que encarniçada lhe não deixa a pista.
Escuta ainda; — além murmura o rio,
Que o largo veio manso desdobrando
A salvação e a vida lhe offerecem,
Que as selvas suas amparar não podem.

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Nas aguas ofegante se arremessa
E afouto fende as ondas alterosas
Em demanda da opposta ribanceira.
Pobre animal! — já na sabida espera
Em ligeira canoa bordejando