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Com sonhos dourados, que os anjos te inspirão,
Embala, ó donzella, teu vago pensar,
São castos mysterios de amor, que no seio
Te vêm murmurar:
Sim, deixa pairarem na mente esses sonhos,
São roseos vapores, que os teus horizontes
Enfeitão risonhos:
São vagos anhelos.... mas ah! quem te dera
Que n’esses teus sonhos de ingenuo scismar
A voz nunca ouvisses, que vem revelar-te
Que é tempo de amar.
Pois sabe, ó donzella, que as nuvens de rosa,
Que pairão nos ares, ás vezes encerrão
Tormenta horrorosa.