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Humano passo revolvendo as folhas,
E que nunca escutou mais que os arrulhos
Da casta pomba, e o soluçar da fonte...
Onde se cuida ouvir, entre os suspiros
Da folha que estremece, os ais carpidos
Dos manes do Indiano, que inda chora
O doce Eden que os brancos lhe roubárão!...

Que é feito pois d’essas guerreiras tribus,
Que outr’ora estes desertos animavão?
Onde foi esse povo inquieto e rude,
De bronzea côr, de torva catadura,
Com seus cantos selvaticos de guerra
Restrugindo no fundo dos desertos,
A cujos sons medonhos a panthera
Em seu covil de susto estremecia?
Oh! floresta — que é feito de teus filhos?

Dorme em silencio o écho das montanhas,
Sem que o acorde mais o rude accento
Das guerreiras inubias: — nem nas sombras
Semi-núa, do bosque a ingênua filha
Na preguiçosa rêde se embalança.
Calárão-se para sempre, n’essas grutas