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Com biocos do posthumas virtudes;
Em torno delle contemplar anciados
Os que, durante longo-aridos annos,
De lisonjas e afagos o cercaram;
Depois alegres uns, sombrios outros,
Conforme foi silencioso ou grato
O abastado defuncto, — emprego é esse
Pouco adequado a jovens e a poetas.



VIII




<poem>
Joven não era, nem poeta o Freire;
Tinha oito lustros e fallava em prosa.
Mas que és tu; mocidade? e tu, poesia?
Um auto de baptismo? quatro versos?
Ou brancas azas da sensivel pomba
Que arrulha em peito humano? Unico as perde
Quem o lume do amor nos seios d’alma
Apagar-se-lhe sente. A nevoa póde,
Qual turbante mourisco, a cumiada
Das montanhas cingir da nossa terra,
Que muito, se ao redor viceja ainda
Primavera immortal? Um dia, ao vel-a
De tantos requestada a esquiva moça,
Sente o Freire bater-lhe as adormidas
Azas do coração. Que não desdoura,
Antes lhe dá realce e lhe desvinca
A nobre fronte a um homem de justiça,