Página:Poesias de Maria Adelaide Fernandes Prata offerecidas as senhoras portuenses (1859).pdf/33

Wikisource, a biblioteca livre
23

E pudéste, homem sem tino,
Sem alma, nem coração,
Renegar no teu destino
O mimo d'essa paixão?!
Sapho, que até orgulhoso
Tornara o Rei mais famoso,
Olvidaste-a desdenhoso.
Com infame ingratidão!!!

Dominada por amor,
Jámais se pôde vencer,
E da paixão n'esse ardor,
Resolveu então morrer!..
Por Phaon abandonada,
Adora-o mesmo olvidada,
E sendo tão desgraçada,
Jámais o pode esquecer!...

Sóbe ao Leucade fatal,
E vagueia um pouco errante;
Pára, hesita, e da rival
Recorda-se delirante,
E exclama: «Oh! venturósa,
«Tu, que desfructas gostosa
«Os encantos seus ditósa,
«De Phaon tu, que és amante!..