Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/119

Wikisource, a biblioteca livre
sonetos
115
X


Esquentado frisão, brutal masmorro
Girava em Santarem na pobre feira;
Eis que divisa ao longe em couva ceira
Seus bons irmãos seraphicos de barro:

O bruto, que arremeda um boi de carro
Na carranca feroz, parte á carreira,
Os sagrados bonecos escaqueira,
E arranca de ufania um longo escarro:

N′alma o sancto furor lhe arqueja, e berra;
Mas vós enchei-vos de intimo alvoroço,
Povos, que do burel soffreis a guerra:

Que dos bonzos de barro o vil destroço
É presagio talvez de irem por terra
Membrudos fradalhões de carne e osso!

*