Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/157

Wikisource, a biblioteca livre
153

XLVIII

Quando no estado natural vivia
Mettida pelo matto a especie humana,
Ai da gentil menina deshumana,
Que á força a greta virginal abria!

Entrou o estado social um dia;
Manda a lei que o irmão não foda a mana,
É crime até chuchar uma sacana,
E péza a excommunhão na sodomia:

Quanto, lascivos cães, sois mais ditosos!
Se na egreja gostais de uma cachorra,
Lá mesmo, ante o altar, fodeis gostosos:

Em quanto a linda moça, feita zorra,
Voltando a custo os olhos voluptuosos,
Põe no altar a vista, a idéa em porra.