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Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/182

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notas

Para mais deslumbrar aos que te offendem:
Que se o ferro fatal já não se ensopa
No resto d′estas animadas cinzas,
Da lei da graça os divinaes incensos
Por disfarçar a pena tornam surdos
Á voz interna os que não creem no inferno:
Tremenda lei, se a pena lhe retardas!
Mas se lh′a appressa executor propheta
Lhe acalmas as iras, porque vai, diffunde
O pavoroso medo nos sequazes
Do idolatra e espantoso fanatismo.
Convocam-se os levitas, os quaes matam
Aos cumplices de tal atrocidade:
Comprimida gemeu a Natureza;
Por um Deus os consortes, paes e filhos
Com seu sangue as espadas, vestes tingem;
Recobra o pae quem faz o parricidio,
E aos campos que de victimas se alastram
Chovem mil novas graças como em rios.
Acalmada a justiça a teus clamores,
Por honra do teu Deus, servo sedento,
Co′ um só estrago evitas mil estragos,
Ferrando a todos do leão as garras.
E tu, impio, as blasphemias que derramas
Escusas, lendo a historia dos tyrannos.
Os de Israel não foram que este exemplo
Tomaram por fazer pezado o jugo;
Por uma vil paixão, cruel, não manches
Os direitos de um Ser eterno, augusto.
De um Deus real Moysés real valido