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Página:Poesias eroticas, burlescas e satyricas.djvu/186

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notas

Celebra o matrimonio em toda a terra;
Quem faz caso porém de seus transportes?
Seu coração ao menos desafogue
Em proclamar, mas por que não incita
O vedado prazer do horrivel nome.
E querendo render nossas vontades
Co′as falsas persuasões, que mal recebem,
Na religião pretende amortecer-te,
Porque possa appetite aviventar-te.
Ah! que não se propõe ser teu amante
Quem quer na confusão de mil suspiros
Tão infeliz fazer-te quanto é elle!
Entretanto, Marilia, não te prives
D′outras estimações de quem te adora;
Da minha lei tu podes ser amada,
E amares, se á razão não fores surda.
Meu coração de ver-te enfeitiçado
Emprega provas mil suas, e minhas,
Porque ames, sem deixar de ser ditosa.
Deve a religião guiar teu gosto,
A lembrança final desterre o crime:
Que apezar do vicioso que pregòa.
Existem céos, existe o negro inferno:
Lauréa-se n′aquelles a virtude,
Arderá n′este para sempre o vicio.


Até aqui M. P. Thomaz Pinheiro d′ Aragão. Veja-se agora a refutação anonyma.