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ribeirada
XXIV


Ergue-lhe a saia o renegado amante,
Estira-se a consorte agil, e prompta;
E elle a setta carnal no mesmo instante
Ao parrameiro misero lhe aponta:
Co′um só beijo do membro palpitante
Ficou subitamente a moça tonta,
E julgou (tanto em fogo ardia o nabo!)
Que encerrava entre as pernas o diabo.

XXV


Prosegue o desalmado; mas a esposa
Que não pode aturar-lhe a dura estaca,
Dando voltas ao cu muito chorosa
Com geito o membralhão das bordas sacca;
Elle irado lhe diz, com voz queixosa:
«Não és uma mulher como uma vacca?
Porque fazes traições, quando te empurro
O mastro? quando vês que gemo, e zurro?»

XXVI


Então, cheio de raiva, aperta o dente,
E na gostosa, feminil masmorra,
Alargando-lhe as pernas novamente,
Com estrondosos ais encaixa a porra:
Ella, que já no corpo o fogo sente
Do marsapo, lhe diz: «Queres que eu morra?
Tu não vês que me engasgo, e que estou rouca.
Porque o cruel tezão me chega á bôca?